Paulatinamente as cidades retomam as atividades presenciais com todos os protocolos sanitários necessários para que todas e todos possa usufruir da cultura após mais de seis meses de confinamento e distanciamento social devido à pandemia. Apesar dos números da pandemia de covid-19 no Brasil indicarem a estabilização dos casos e das mortes ainda estarem em patamares altos, o processo de reabertura econômica e flexibilização do isolamento social segue em todo o país com a liberação de eventos e atividades de lazer. Centros culturais, cinemas, instituições públicas e privadas, museus e teatros iniciam uma retomada, um alento, um respiro para quem estava tanto tempo sem acesso à arte e cultura. Em São Paulo, tanto na capital, como no interior e litoral desde o mês passado a maioria dos espaços culturais estão funcionando com a capacidade reduzida de público e com agendamentos prévios.
Muitos museus já voltaram à ativa com ingressos esgotados até o fim de novembro, como por exemplo a Pinacoteca do Estado, em São Paulo, que recebeu milhares de pessoas no decorrer da semana de abertura da mega exposição “OSGEMEOS: Segredos”, da dupla de irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo. Mas não é só a mostra blockbuster que o espaço abriga. A exposição “Véxoa: Nós Sabemos” é a primeira dedicada à produção de artistas indígenas contemporâneos realizada pelo espaço, e tem curadoria da pesquisadora indígena Naine Terena. Fica em cartaz até março de 2021.
Em São Paulo outros espaços que reabriram e receberam muito público foram o Museu do Futebol, que abriga a mostra “Pelé 80 – Rei do Futebol”; e o Museu da Imagem e do Som, o MIS, com a exposição “John Lennon em Nova York por Bob Gruen”. Mas destaco aqui também a mostra que reúne obras da artista Regina Silveira, na nova sede do Paço das Artes; e a Exposição Orgulho e Resistências: LGBTs na ditadura, no Memorial da Resistência de São Paulo; e em Tupã, interior do Estado, a exposição “Ató Jagí Burum Krenak – Tecendo Saberes do Povo Krenak”.
O impacto na Cultura e a periferia pulsando
Se antes da pandemia já havia uma grande exclusão dos brasileiros de atividades culturais, podemos imaginar como foram esses últimos meses para milhões de pessoas. Não podemos esquecer que muitos brasileiros não têm acesso à cultura, os que vivem à margem de experiências artísticas que acontecem nas regiões metropolitanas, principalmente moradores de cidades do interior do país. O impacto da pandemia na área cultural foi enorme. A suspensão das atividades culturais durante os últimos seis, sete meses impactou diretamente milhares de projetos em andamento em todo país, a manutenção de postos de trabalhos e a garantia da renda para profissionais que atuam na área. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendada pela Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa e pelo Sebrae, o setor cultural está entre os mais prejudicados pela pandemia da Covid-19. Lembrando que no Brasil, o setor de economia criativa corresponde a 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) e é responsável por quase cinco milhões de postos de trabalho. Mas por outro lado, a diminuição do deslocamento das pessoas na cidade fez com que elas circulassem em seus próprios bairros, fortalecendo e fomentando a comunidade local, tornando muito mais visível a potência da periferia como polo difusor de arte e cultura.
Vale lembrar que, para cumprir as normas sanitárias, as instituições estão operando com no máximo 60% da sua capacidade de público e horários reduzidos, entre outras exigências previstas no protocolo de retomada das atividades. As normas de determinam distanciamento do público de 1,5 metro, com sinalizações no piso; corredores com espaçamento de 2 metros para a circulação de pessoas; criação de comunicados visíveis ao público sobre as medidas de segurança e higiene adotadas pelo espaço e a sua capacidade permitida de público. Os museus, em particular, precisam limitar as visitas em grupo a no máximo 10 pessoas, por exemplo.
Novos hábitos no “novo normal”
Em uma pesquisa recente realizada em conjunto pelo Itaú Cultural e Datafolha “Hábitos culturais pós pandemia e reabertura das atividades culturais”, que foi realizada em todas as regiões do país no mês passado, Camila Boehm, da Agência Brasil, comenta que 66% das pessoas têm a intenção de participar de ao menos uma atividade cultural após a flexibilização das medidas de restrição impostas devido à pandemia. São as solteiras e os solteiros que estão com mais vontade de participar de atividades culturais (70%), o que não é difícil imaginar após mais de sete, oito meses de distanciamento social, de confinamento em casa. E a faixa etária mais sedenta por atividades culturais fica entre 16 e 34 anos (mais de 70%).
Ainda segundo a pesquisa, 44% das pessoas elegem o cinema como atividade a ser realizada na retomada da agenda cultural, seguido de 40% que manifestaram interesse em shows, e 30% interessados na retomada dos teatros. Museus, espetáculos de dança, de circo e saraus também foram apontados como atividades de interesse. A maioria, mais de 80%, alegou que faria alguma atividade cultural, contanto que fosse em lugares abertos. A pesquisa também indica aumento da preferência para atividades próximas de casa, sem necessidade de uso de transporte, de preferência em realizar atividades culturais no próprio bairro. Para essa retomada os protocolos de segurança são essenciais para que a população se sinta segura. A limpeza e higienização dos ambientes é o item mais lembrado pelas pessoas, seguido de procedimentos como manter distanciamento, espaço para evitar aglomerações, a obrigatoriedade do uso de máscara e disponibilização de equipamentos para higienização dos visitantes.
Listo abaixo alguns espaços e suas respectivas exposições em cartaz atualmente no Estado de São Paulo.
Casa das Rosas
Horário de funcionamento: das 12h/ 16h
Exposições: Arteletra em Trânsito e Estrutura Explodida: vidobra de Haroldo de Campos
www.casadasrosas.org.br
Museu do Futebol
Horário de funcionamento: das 13h/ 19h
Exposição: Pelé 80 – o Rei do Futebol
https://museudofutebol.org.br/
Pinacoteca de São Paulo – Pina Luz
Horário de funcionamento: das 14h/ 20h
Exposição: OSGEMEOS: Segredos
www.pinacoteca.org.br
Memorial da Resistência de São Paulo
Horário de funcionamento: das 12h/18h
Exposição: Orgulho e Resistências: LGBTs na ditadura
www.memorialdaresistenciasp.org.br
Museu da Casa Brasileira
Horário de funcionamento: das 11h/ 15h
Exposições: Casas do Brasil: Conexões Paulistanas e Urbanismo Ecológico 2020
www.mcb.org.br
MIS – Museu da Imagem e do Som
Quando reabriu: 16 de outubro
Horário de Funcionamento: das 11h às 17h
Exposição: John Lennon em Nova York por Bob Gruen
www.mis-sp.org.br
Museu da Arte Sacra de São Paulo
Horário de funcionamento: das 10h/16h
Exposições: “Nós da Etiópia – Recortes de uma viagem” – Fotografias Daniel Taveira
www.museuartesacra.org.br
Paço das Artes
Horário de funcionamento: das 12h/ 18h
Exposição: Limiares, de Regina Silveira
www.pacodasartes.org.br
Museu Afro Brasil
Horário de funcionamento: das 11h/17h
Exposições: Heranças de um Brasil Profundo e 150 anos do poema Navio Negreiro, do poeta Castro Alves
www.museuafrobrasil.org.br
Museu Casa de Portinari (Brodowski/ SP)
Horário de funcionamento: das 10h/16h
Atividade: Visita guiada pela história e trajetória do renomado artista brasileiro Candido Portinari
www.museucasadeportinari.org.br
Museu Índia Vanuíre (Tupã/ SP)
Horário de funcionamento: das 10h/ 16h.
Exposição: Ató Jagí Burum Krenak – Tecendo Saberes do Povo Krenak