Com quase 2 mil quilômetros de extensão, o Rio Negro é o maior afluente de águas pretas do mundo, resultado do solo antigo e dos sedimentos orgânicos recebidos pela floresta. Sua bacia é também uma área internacionalmente protegida desde o 8o Fórum Mundial da Água, em 2018, e acolhe 23 povos indígenas, mais de 700 aldeias, 16 línguas faladas e quatro troncos linguísticos: Tukano Oriental, Aruak, Nadahup e Yanomami.
Quem protege a sociobiodiversidade de toda essa região e povos é a Foirn, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, com sede na cidade de São Gabriel da Cachoeira, extremo norte do Amazonas, na fronteira com Colômbia e Venezuela. São mais de 30 anos de atuação, desde o garimpo ilegal nos anos 80 até o desafio mais recente, o Covid-19.
Para manter os povos isolados em sua terra, e conscientizar a população urbana dos riscos que a atual pandemia pelo coronavirus apresentam para os povos originários, a Foirn iniciou a campanha “Rio Negro, Nós Cuidamos”, protagonizada por mulheres indígenas para garantir informação e mantimentos básicos para as comunidades afastadas.
“Nós mulheres indígenas sabemos como cuidar dos nossos filhos, das nossas famílias,
comunidades, roças e florestas!
Nossa missão é cuidar para que as gerações futuras tenham direito à vida!
Para evitar que o novo Coronavírus se alastre em nossas 750 comunidades indígenas
e cause uma crise humanitária, a FOIRN está trabalhando fortemente junto às equipes
de saúde locais para levar informação e materiais educativos para os nossos parentes.
Também estamos contribuindo com os debates das políticas públicas e participando
diariamente das reuniões do Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao novo Coronavírus
(COVID-19) para criar e implementar soluções locais de combate e prevenção. Para que os
nossos parentes permaneçam em isolamento nas comunidades e não venham à cidade,
precisamos apoiá-los com alguns itens essenciais. E também necessitamos apoio
para prosseguir com os trabalhos de mobilização e articulação na área urbana.”
Por meio de doação, a Federação pretende comprar sabão, água sanitária, álcool gel, alimentos não perecíveis, custear impressão de materiais informativos, serviços de carro de som para zonas periurbanas de São Gabriel da Cachoeira, comprar aparelhos de radiofonia e produzir áudios informativos nas línguas indígenas, entre outros.
As ações já têm ocorrido, como é possível acompanhar no site da Foirn, mas precisa de apoio constante para se manter e expandir o seu alcance, tão necessário. Para além dos orgãos públicos, ações autoorganizadas por coletivos indígenas garantem maior compreensão por parte das comunidades, por conhecer não só sua língua como também costumes e dificuldades.
Acesse o portal da campanha para obter todos os dados e informações para poder doar e contribuir, e é importante registrar sua doação por meio do formulário online (na página) para que o órgão também consiga fazer controle.