Com este texto, encerramos nossa série: nortes do eu. O que viemos estudando até aqui nos dá base, nos dá chão para que saibamos nos situar quando estamos diante de um mapa astral.
A porta de entrada, como vimos, para a leitura e interpretação do céu no momento do nosso nascimento é a cruz-base: essa cruz funciona como uma bússola em nossas investigações astrológicas, justamente porque ela nos mostra quatro pontos-chave de nossa jornada, também simbolizados pelos quatro pontos cardeais e conhecidos como: ascendente, descendente, início do céu e meio do céu.
Descendente ou casa 7: meus 15 anos
Perceba que quando chegamos ao descendente, traçamos uma linha horizontal em nosso mapa, conectando o ascendente ao descendente.
Veja que com a linha horizontal o mapa é dividido em hemisfério norte e sul, é justamente o descendente que nos dá o passaporte para o hemisfério norte do nosso céu, marcando nossa entrada para uma vida social, além do eu.
O ponto em que aponta o descendente é marcado pelos nossos 15 anos, idade simbólica associada ao signo de libra. Momento em que somos apresentados à sociedade, nosso momento de debutar, se expor, socializar, encontrar o mundo do lado de fora. A partir do descendente, os temas passam a ser mais subjetivos e voltados para algum tipo de coletivo, o mundo extra-eu.
A idade de 15, 16 anos marca a saída da infância, é quando, apresentados ao mundo social, passamos a ter opções, variedades de destinos, estilos e podemos escolher os códigos de comportamentos sociais que preferimos seguir.
Aqui nesta fase nossa caixa-preta está montada, estamos prontos para nos relacionar, para viver a trama dos encontros e das escolhas, iniciamos nossa trilha pelo mundo das projeções.
Descendente: o eu dos encontros
Na casa 7 – descendente – encontramos aquilo que de alguma forma buscamos no outro. É o signo da cúspide da casa 7 grande indicador daquilo que esperamos receber do outro em nossas relações íntimas.
O descendente é o palco de relações um a um – relações librianas – por isso, uma casa astrológica muito comumente associada a casamentos, sociedades e relacionamentos afetivos.
Como quando assistimos a um filme, é nos relacionamentos íntimos que assistimos o desfile de nossos eus para nós mesmos, quando nos encontramos no outro.
‘’Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.”
(Freud)
Um caso prático
Se a casa 7 é o que buscamos no outro, aplique o que você sabe sobre os 12 signos à casa 7 e perceba: uma pessoa que nasceu com a casa 7 (descendente) em aquário terá maior interesse por pessoas racionais, originais, livres e autônomas do que alguém que tem a casa 7 em capricórnio: esta já se sentirá mais atraída por pessoas mais sérias e compromissadas, com estrutura pessoal mais sólida.
Ainda mais fundo, a pessoa que tem a casa 7 em aquário terá – inevitavelmente- o ascendente em leão (casa 7 sempre oposta à casa 1: AC – DC).
O AC em leão garante um centro forte ao ser em questão, esta pessoa é muito mais autocentrada, expressiva, criativa e calorosa, buscando por isso no outro aquilo que lhe falta; o leonino busca a liberdade do aquariano, o desafio de libertar-se de suas próprias autoexpectativas de exclusividade, assim como o aquariano busca no leonino um centro forte para segurar-se.
O seu caso: as suas escolhas
Experimente fazer uma pausa para uma reflexão sobre seus relacionamentos, traga para a memória todas as pessoas com quem você já namorou – se você nunca namorou, veja os casos em que você se apaixonou, avalie racionalmente como foi, quanto tempo durou e quantas vezes isso aconteceu. Caso contrário, avalie ponderadamente há quanto tempo você não se relaciona, a quanto tempo você não se expõe.
Faça um panorama das suas relações – desde os 15 anos – e perceba com olhar de observador qual é a sua linha de escolha, por onde caminha o seu faro social: repare se há algum padrão – nem sempre é fácil identificar, mas sempre há.
Os relacionamentos são a chave da nossa autotransformação. O trabalho de autoinvestigação que desenvolvemos aqui, nossa busca por subir para o hemisfério norte passa, inevitavelmente, pelo relacionar-se. Em busca do amor desinteressado, cuja manifestação mais concreta que podemos experimentar é a amizade.
Em nossos próximos encontros, estudaremos a função dos planetas e das casas astrológicas em nossa jornada, traçando um caminho de pilares para uma interpretação mais completa e consciente de nosso mapa astral.