Ficamos mais acelerados com o passar do tempo e a necessidade de “chegar a algum lugar” mais rápido tem tomado muito tempo do nosso cotidiano. Essa aceleração psicológica do mundo é resultado de um conceito moderno que associa alguém muito ocupado a algo “bom”, enquanto que alguém com tempo mais livre e tranquilo tem algo de “errado”. Desse modo, ninguém consegue viver o presente direito.
Viva o presente
Vi esses dias na Internet um texto muito interessante do rabino brasileiro Nilton Bonder com o título “Os domingos precisam de feriados”. Em uma de suas reflexões, Bonder fala sobre a pausa e a relação que esse momento tem com a natureza: “a noite é pausa, o inverno é pausa, (…)”. Muita gente não tem conseguido fazer essa pausa, mesmo sendo liberado de seu trabalho e tendo o tempo livre e o problema não está na organização do tempo e sim no psicológico de cada um. A mente acelerada, que só pensa no futuro, se esquece do presente e não consegue se desligar do “tenho que” do dia a dia.
Você já parou para perceber que as pessoas estão sempre fazendo planos para suas folgas, feriados e finais de semana? Há sempre um planejamento, uma necessidade de responder a pergunta “O que vamos fazer?”. Não que seja ruim fazer planos para um momento de lazer, mas será que na próxima vez não seria melhor deixar as coisas acontecerem ou simplesmente não fazer nada?
Caetano já fez uma homenagem ao tempo onde cantava “De modo que o meu espírito, ganhe um brilho definido, tempo, tempo, tempo, tempo”, reforçando a necessidade de valorizarmos algo tão precioso. A pausa não é só um momento de intervalo, mas um momento de cura e desprendimento do que fazemos sempre de forma repetitiva e que nos consome. Desligar-se nos dias de hoje requer desapego e coragem para negar convites, desligar o celular e desconstruir conceitos sempre. O que funcionava há anos atrás pode não servir nem um pouco agora. Os tempos são outros, é preciso fazer uma reciclagem em tudo para não ter um colapso e tornar-se alguém infeliz.
Desconforto, ansiedade, tensão, estresse e preocupação são elementos causados por “muito futuro e nenhum presente”. A sensação que fica entre as pessoas que andam na correria é de culpa infinita pelo que não foi feito, pelo que “foi perdido e não aproveitado”.
O maior desafio dessa geração e das próximas será definitivamente a sabedoria de entender quando algo está concluído e é hora de parar. Liberte-se e procure uma forma de pausar antes que as exigências de um mundo acelerado virem um nó difícil de ser desfeito.
Beijos,