Muito do que sabemos das comunidades e culturas dos povos originários é resultado de muito estudo e pesquisa, mas também da mídia, seja através de reportagens, filmes e produtos culturais em geral. Neste cenário, o Instituto Catitu nasce em 2009 com uma missão: permitir a essas comunidades e potencializar “novas possibilidades de expressão, transmissão e compartilhamento de suas visões de mundo e de seus conhecimentos“. Com o apoio da Embaixada da Noruega, já foram produzidos cerca de 30 filmes nos 10 anos de atuação.
Fomentar a produção audiovisual é um movimento essencial para a democratização da comunicação popular e indígena, pois permite que diferentes povos e etnias falem por si e de sua própria realidade. É com este pensamento que o Instituto Catitu fomenta oficinas de formação audiovisual e multimídia para mulheres indígenas, criação de centros de documentação digital nas aldeias, intercâmbios entre comunidades e outros povos tradicionais, e redes que permitam ampliar a cooperação e a troca de experiências. Para isso, estão na equipe do Catitu cineastas, produtores, designers, jornalistas e roteiristas, além de cientistas e pesquisadores.
Entre os filmes já produzidos pelo Instituto está o curta-metragrm “A História da Cutia e o Macaco”, fruto da segunda oficina de formação audiovisual que reuniu cerca de 22 mulheres das etnias Kawaiweté, Kamaiurá e Ikpeng. Foi a primeira experiência cinematográfica realizada por mulheres da Terra Indígena do Xingu, com direção assinada por Wisio Kayabi e o Coletivo das Cineastas Xinguanas. Assista:
A História da Cutia e do Macaco from Instituto Catitu on Vimeo.
Por meio dessas oficinas, o Instituto Catitu apoia principalmente o protagonismo indígena feminino, dedicando parte de seus projetos à capacitação de mulheres.
“Embora haja por parte das mulheres indígenas um crescente interesse por atividades que antes eram restritas aos homens, são raras as oportunidades de formação e espaços de atuação que levem em conta suas especificidades. O maior contato com a sociedade envolvente vem trazendo transformações na vida das comunidades e criando novas necessidades e aspirações por parte das mulheres indígenas. Elas reivindicam uma melhor repartição de oportunidades entre homens e mulheres, o acesso à formação e à informação, e também à políticas específicas.“
Na busca por ouvir a voz dessas mulheres e a sua independência de discurso, o Instituto ainda promove as “Rodas de Conversa das Mulheres Xinguanas”, que nasceu em 2014 para fortalecer a Associação Yamurikumã das Mulheres Xinguanas. Os primeiros encontros ocorreram no baixo, médio e alto Xingu, nas aldeias Sobradinho (etnia kawaiwete) , Kwarujá (etnia kawaiwete), CTL Pavuru com o apoio da Aldeia Arayo (etnia ikpeng) e Aldeia Yawalapíti (etnia yawalapíti). Ao todo, cerca de 350 mulheres se reuniram para debater os problemas que elas e suas comunidades enfrentam.
Tamanha adesão foi possível pela união de diferentes instituições na realização das rodas, entre elas o Instituto Socioambiental e a Fundação Nacional do Indio. Os temas foram a saúde dos povos do Xingu, a ameaça iminente das hidrelétricas, projetos de turismo e seu impacto no meio ambiente, além de questões internas como o convívio com as cidades do entorno.
“Para que as mulheres de todas as regiões pudessem participar, percorremos o rio Xingu do norte ao sul da Terra Indígena durante 30 dias em muitas viagens de barco levando importantes lideranças femininas, a diretoria da Associação e as coordenadoras locais.“
Formação Audiovisual de Mulheres Indígenas from Instituto Catitu on Vimeo.
Outro desafio, além de promover o debate e capacitação de produção audiovisual, está no registro de todas essas ações e das próprias culturas. A MAWO – Casa de Cultura Ikpeng é outra frente construída pelo Instituto Catitu.
O espaço é um centro de formação, pesquisa, registro e divulgação da cultura ikpeng, resultado do trabalho em conjunto com a Associação Moygu do povo Ikpeng. É na aldeia Moygu, no Parque Indígena do Xingu, onde foi instalado a Casa de Cultura que funciona como um centro de registro principalmente da língua e costumes ancestrais, por meio de filmes, fotos, livros, desenhos, textos, além de documentos históricos.
Além da base de dados que a Casa mantém, tornou-se também um ponto de encontro cultural para as ações da comunidade, referência na pesquisa e também compartilhamento da cultura local. Um filme foi produzido sobre os cinco anos que levaram para a implementação do projeto, desde a metodologia inicial à divulgação entre as aldeias. Assista aqui.
No Vimeo do Instituto, inclusive, é possível conferir o acervo audiovisual do Catitu, entre curta-metragens e documentários, sendo uma rica fonte para pesquisa e também ensino em sala de aula. Confira.
Para conhecer todos os outros projetos, entre pesquisa e produção, acesse o portal do Instituto Catitu. Todo conteúdo é disponibilizado de forma gratuita.