Não podemos compactuar com dinâmicas que marginalizam de qualquer forma, mas principalmente pelo medo e violência, a atuação política ativa de qualquer pessoa.
Em recente pesquisa realizada pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Unirio, foram apresentados dados, no mínimo, preocupantes sobre violência política no Brasil. Mas, antes de tudo, o que é violência política?
A violência é um fenômeno multidimensional e com variadas facetas que podem ser expressas de diversas formas e condições. No caso da violência política, estamos falando de um fenômeno que, segundo o próprio Observatório, abarca qualquer “agressão que tenha o objetivo de interferir na ação direta das lideranças políticas”, seja pela imposição do silêncio, de interesses e até chegando ao assassinato de oponentes políticos. Alguns podem pensar que esses casos se limitem a mensagens na internet, seja em blogs, redes sociais. Mas, não. Como qualquer processo violento, estamos falando de vias que se combinam, seja na incitação e agressão nas redes, seja no plano físico. Dois casos recentes de violência política foram dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips; e do assassinato de Marcelo Arruda, que comemorava seu aniversário sob o tema “Lula/PT”, quando teve sua festa invadida por um bolsonarista. Ou seja, a perseguição a pessoas ou organizações que atuam politicamente e o silenciamento, pelo uso da violência brutal, contra essas pessoas.
O Brasil nunca foi dos melhores lugares para ser um ativista pelos direitos humanos e da Terra. Mas, no primeiro trimestre de 2022, retomando a pesquisa do Observatório, foi observado um aumento de 50% dos casos. Foram 113 casos registrados só de janeiro a março de 2022. Os estados líderes são Rio de Janeiro, Bahia, Pará e São Paulo, nessa ordem.
Em 2021, o Instituto Marielle Franco lançou resultados de pesquisa sobre violência política de gênero e raça no país. Foram coletados relatos de 11 parlamentares negras, que tem como foco de pauta, a luta por direitos humanos e igualdade, sobre as violências políticas que sofreram após serem eleitas. Dentre as diversas recomendações da pesquisa, que pode ser baixada gratuitamente pelo site www.violenciapolitica.org, uma das ações foi a da construção de uma plataforma para incidir e mobilizar parlamentares, executivos estaduais e federal, além da própria sociedade civil, para que atitudes sejam tomadas frente aos crescentes casos de violência política. A plataforma “Não seremos interrompidas”, a partir de frase proferida por Marielle Franco, está no ar e tem realizado essa agenda de pressão para que partidos políticos e autoridades coloquem em prática a lei 14.192/21, conhecida como Lei da Violência Política. No endereço https://www.naoseremosinterrompidas.org/ é possível aderir à campanha e se somar nesse esforço de combate emergencial da violência política no país.
Não podemos compactuar com dinâmicas que marginalizam de qualquer forma, mas principalmente pelo medo e violência, a atuação política ativa de qualquer pessoa. Infelizmente, vivemos em um país no qual o ocupante do Planalto incita a violência, em vez da mediação e do diálogo, próprios da arena democrática. Cabe a nós, portanto, mudar essa realidade. Por agora, nos mobilizando e apoiando organizações que estão na linha de frente de atuação e também construindo estratégias de cuidado e segurança coletivas. Por outro, refletindo muito bem sobre os representantes que escolheremos e sobre os rumos que queremos para o nosso país.
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