Salve, glorioses! Quando uma tribo indígena, que até então vivia isolada, foi contactada, o cacique quis saber se era verdade mesmo que haviam muitas pessoas no mundo, e a resposta foi positiva. Quis saber quantas – “tantas quantos as estrelas no céu”, foi a resposta. Após algum tempo de reflexão, questionou, intrigado: “E pra onde vai todo esse lixo?”. Pois é, a ideia de “jogar fora” não é solução. Como nos diz Fê Cortez, do Movimento Menos 1 Lixo: “Não existe fora, porque o lixo sempre vai parar em algum lugar”.
Falando sobre o Objetivo 7 da Agenda 2030, que pede “o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos”, podemos nos inspirar na natureza, que realmente a tudo transforma, sendo útil em seu fim. Ela nos inspira a desenvolver formas de reinserir na cadeia de produção tudo o que descartamos. Não somente ressignificando a matéria-prima por meio da reciclagem e do upcycling, mas também produzindo energia. A isso se chama “reciclagem energética”.
Já existe em São Paulo pelo menos duas iniciativas que convertem o gás liberado pelo lixo em energia elétrica: os aterros de Bandeirantes e São João, que foram desinstalados em 2007. No lugar onde os resíduos eram deixados para apodrecer ao ar livre, instalou-se termoelétricas que fazem a conversão a partir do calor dessa queima, agora com controle e direcionamento.
Transformando problema em solução
Na Dinamarca, mais da metade do lixo que não vai pra reciclagem, vai para a produção de energia, e quase 1 milhão de moradores já são beneficiados com essa tecnologia que, assim como todas as outras, requer monitoramento e instalações alinhadas ao impacto mínimo no meio ambiente, mas já viabiliza a solução de dois problemas urbanos: os resíduos sólidos e o abastecimento energético.
Seguindo nessa direção, há também o biogás, combustível a partir da decomposição das chamadas biomassa, geralmente resíduos orgânicos, bagaços de cana, palha de arroz, esterco, entre outros. É uma alternativa ao gás natural de origem fóssil. Essa foi a aposta anunciada pelo Rio de Janeiro para reduzir sua emissão de gás carbônico, gravíssimo fator dos aterros sanitários comuns.
Infelizmente, em nossa organização urbana, o impacto no meio ambiente é quase que inevitável e a produção de energia é um desafio a ser superado às pressas. Os combustíveis fósseis não podem mais ser uma opção, mas as promissoras energias solar e eólica são certamente o futuro, quando ultrapassarmos a barreira do investimento precário.
Estamos em uma corrida contra o tempo para reavermos os estragos já feitos no meio ambiente, e a busca agora é pelo método menos invasivo. Como continuar avançando urbanamente sem regredir ambientalmente é o nosso desafio enquanto sociedade.
O importante é lembrarmos que o lixo é uma invenção humana. O excesso de matéria que produzimos não tem espaço na natureza e nós devemos ser os responsáveis por seu tratamento, destino e fim, seja através da reciclagem, do reaproveitamento ou da produção de energia, tão necessária para o estilo de vida que desenvolvemos.
A sustentabilidade é a nossa única saída e nos ajuda a pensar soluções para esse dilema. Produzir energia a partir do lixo é uma delas! Veja aqui qual o melhor destino do lixo na sua cidade e seja parte da solução.