Se vestir vai além de simplesmente usar uma roupa. Vestir-se fala de identidade. Quem somos está presente em como nos apresentamos, e, assim como uma poesia é muito mais do que palavras e frases costuradas umas às outras, as roupas também são muito mais do que panos e peças que rimam umas com as outras.
Quando vamos escolher uma roupa, estamos, na verdade, contextualizando qual a mensagem que queremos transmitir a nosso respeito, como estamos nos sentindo e quais os nossos objetivos. Na maior parte das vezes esse processo é intuitivo, uma representação estética da nossa identidade. Para além disso, o que escolhemos vestir ao acordar pode alterar nosso humor e sensações durante o dia, mesmo que inconscientemente. Isso porque, do ponto de vista físico, a roupa aguça, no mínimo, três dos sentidos: visão, tato e olfato. Pois os tecidos têm cores, cortes, texturas e cheiros.
É justamente por isso que precisamos respeitar e valorizar as diferentes identidades que estão presentes em cada estilo, especialmente com relação às crianças e os jovens atuais. Desde cedo, cada um deles já apresenta traços de personalidade que precisam de espaço para se desenvolverem, dentro de cada uma das suas limitações. A moda é, antes de tudo, uma forma de afirmação social. É um meio de expressão fora de seus pares e no resto do mundo.
Porque ensinar aos jovens sobre a poesia presente em nosso estilo
Hoje em dia, mais do que nunca, é muito importante demonstrar para nossas crianças e jovens que aquilo que eles vestem fala também sobre como eles se percebem no mundo em que vivem, e que eles podem e devem escolher sempre aquilo que mais os faz bem. No livro “Poemas para vestir”, por exemplo, os autores José Santos e Guilherme Paiva compartilham uma coletânea de poemas sobre o universo da moda que inspiram não só crianças, mas todos aqueles que enxergam em suas roupas a presença constante da poesia.
Este tipo de visão sobre nossos hábitos é um exercício diferenciado e que pode nos fazer muito bem. Quando entendemos que a poesia presente em se vestir vem de dentro para fora, passamos por uma nova experiência sensorial. Antes de ser uma impressão passada para o outro, é um estado de espírito que a roupa está imprimindo em você. As roupas têm cores, mas também têm sons. Podem ser feitas de tecido, couro, fivelas, mas são ideias. Desbotam, rasgam, acabam – mas integram cada traço de nossa história, nossa personalidade, nosso desejo.
Busquemos ensinar às crianças e aos jovens de hoje que vestir-se de forma autêntica e coerente é, acima de tudo, uma conquista. Que eles devem buscar e celebrar, sempre!