Durante nosso período na escola aprendemos muito sobre a História do nosso país. Reinos, governos, governantes, escravidão… Contudo, quase nunca sob um ponto de vista que coloque a população negra em destaque, contando sobre suas lutas, desafios e perseverança. Menos ainda se fala sobre as mulheres negras brasileiras que fizeram diferença na história e de suas contribuições nas conquistas sociais brasileiras.
Sendo assim, no intuito de não deixar que seus nomes passem despercebidos e para demonstrar que o poder feminino também é um referencial intelectual e de resistência, trazemos os nomes de algumas heroínas negras da história brasileira.
Mulheres negras: heroínas históricas
Dandara dos Palmares
Talvez um dos maiores nomes conhecidos da luta negra contra a escravidão no Brasil seja Zumbi dos Palmares. Dandara, como o nome sugere, era esposa de Zumbi. Mas sua importância e significância na história negra não podem e nem merecem ficar à sombra do nome de seu marido. Ela lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil, liderava mulheres e homens, além de ter objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres.
Thereza de Benguela
Viveu no que atualmente é o estado de Mato Grosso. Thereza liderou o Quilombo de Quariterê, que abrigava mais de 100 pessoas, após a morte de seu companheiro. Ela comandou o quilombo política econômica e administrativamente, criando uma espécie de “Parlamento”, além de um sistema de defesa que consistia na troca de armas com os brancos ou roubadas das vilas próximas.
Luíza Mahin
Após sua alforria, ela esteve engajada na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. Como era quituteira, do seu tabuleiro eram distribuídas mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. A partir daí começou seu envolvimento na Revolta dos Malês e na Sabinada. Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.
Carolina Maria de Jesus
Escritora brasileira, uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. Após uma infância difícil e cercada por maus tratos, aos 33 anos se instalou em uma das primeiras favelas que se tem conhecimento em São Paulo, a favela do Canindé. Ao mesmo tempo em que trabalhava como catadora de lixo, registrava, apesar do baixo grau de escolaridade, seu testemunho do cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo, que no fim somavam mais de vinte.
Um destes cadernos, um diário que havia começado em 1955, deu origem ao seu livro mais famoso, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Após o lançamento do seu livro, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
Essas heroínas são a prova de que as mulheres negras sempre fizeram parte do protagonismo do movimento negro. Nunca se omitiram e nem tiveram medo de estar à frente da batalha. São espelhos e ideais do que todas as mulheres-meninas, jovens e adultas- podem ser: condutoras do seu destino e donas do seu próprio caminho.