“O sol nas bancas de revista…Me enche de alegria e preguiça…Quem lê tanta notícia…”. Os versos célebres da Tropicália de Caetano Veloso previam um assunto que hoje podemos chamar de rotineiro. Estamos imersos numa constante produção de textos, verbais ou não, capazes de fazer com que o mais hábil dos leitores se perca devido à quantidade de conteúdo produzido online. A formação de cidadãos leitores nos novos tempos deixou de estar na mão dos livros, jornais e revistas e se transferiu para a leitura nas plataformas digitais. Devemos estar atentos ao fato de muito da nossa capacidade reflexiva ter diminuído junto com a nossa procura por livros.
Precisamos lembrar que os autores de literatura sempre deram conta de refletir acerca das sociedades em que viveram. Por exemplo, até hoje é difícil encontrarmos pensamentos sobre a condição feminina mais célebres que os de Simone de Beauvoir. Aí está a força das leituras de qualidade; tornaram-se cada vez mais importantes a medida que amadurecem. No tempo da volatilidade pensar sobre o que acontece deixou de fazer parte da nossa formação, estamos em constante correria e buscando por assuntos rasos. Sem leituras sérias estamos criando pessoas que não entendem seus próprios espaços.
Devemos valorizar mais o poder da leitura
A leitura nunca partiu do principio de confortar alguém, mas sim sempre foi um mecanismo de confrontar. Frente a frente com verdades, questionamentos, e os questionamentos das próprias verdades, o leitor se insere em um tipo de pensamento capaz de protegê-lo e ainda aprende para si um novo olhar com os outros.
Imaginemos alguém que fez leituras sobre o holocausto. Jamais uma pessoa sai ilesa do texto e esse leitor vai, provavelmente, levar pra sua vida mais tolerância, mais compaixão. Porém, não somente de leituras tristes e complicadas estamos falando aqui. Ler, aprender, viajar no que é ensinado nos encanta até mesmo em livros de receitas quando aprendemos a mesclar sabores, aromas e texturas.
A leitura não é somente uma saída para outro universo, mas é uma fonte fiel e inesgotável de assuntos, de saberes, de curiosidades e de reflexões. Moldar, dignificar e ensinar não estão distantes do simples e grandioso hábito de passar o olho por letras e o formar de sílabas. A palavra ganha vida e extrapola todas as linhas, dando nome a tudo que conhecemos e sendo indispensável à vida.
Pegue um bom livro!
Leia!
Questione!