Manter viva a memória, e as histórias, que cruzaram o atlântico levando negros da África para Europa e as Américas: essa é a proposta da exposição História Afro-Atlânticas através das obras de 214 artistas. São 450 trabalhos ao todo que poderão ser visitados até o dia 21 de outubro no Museu de Arte de São Paulo e no Instituto Tomie Ohtake.
África de histórias plurais
Com curadoria de Adriano Pedrosa, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes, Lilia Moritz Schwarcz e Tomás Toledo, a exposição frisa ser impossível resumir a cultura africana e o que passou durante o período escravocrata com sua nação, e por isso defende um olhar plural que não pense somente uma história, mas diversas delas:
“Esse termo que em português (diferentemente do inglês) abrange tanto a ficção como a não ficção, as narrativas pessoais, políticas, econômicas, culturais e mitológicas. Nossas histórias possuem uma qualidade processual, aberta e especulativa, em oposição ao caráter mais monolítico e definitivo das narrativas tradicionais. Nesse sentido, a exposição não se propõe a esgotar um assunto tão extenso e complexo, mas antes a incitar novos debates e questionamentos, para que as histórias afro-atlânticas sejam reconsideradas, revistas e reescritas”.
Os trabalhos reunidos na exposição são uma viagem no tempo e geografia, desde o século 16 ao 21, retratando aspectos da história do fluxo entre África com territórios atlânticos desde a América do Sul, Caribe, até o sul dos Estados Unidos. Em esculturas, quadros e artefatos em geral, observamos como tais culturas foram impactadas com a chegada da escravidão. Principalmente no Brasil, onde mais da metade da população é negra e tem não só uma cultura profundamente ligada às culturalidades africanas como um histórico de dívida social.
“O Brasil é um território central nas histórias afro-atlânticas, pois recebeu aproximadamente 46% dos cerca de 11 milhões de africanos e africanas que desembarcaram compulsoriamente neste lado do Atlântico, ao longo de mais de 300 anos. Também foi o último país a abolir a escravidão mercantil com a Lei Áurea de 1888, que perversamente não previu um projeto de integração social, perpetuando até hoje desigualdades econômicas, políticas e raciais.”
Com oito núcleos, a exposição é dividida entre o Museu de Arte de São Paulo, o Masp, e o Instituto Tomie Ohtake, que em 2014 recebeu a exposição História Mestiças e desdobrou-se na atual.
No Masp, estão os núcleos: mapas e margens, cotidianos, ritos e ritmos, retratos, modernismos afro-atlânticos e rotas & transes: áfricas, Jamaica e Bahia. No Instituto: emancipações e resistências & ativismos.
O Masp fica na Avenida Paulista, 1578. Com visitação de terça a domingo, de 10h às 18h. Entradas a R$35 (meia R$17) e gratuita às terças o dia todo.
Já o Instituto Tomie Ohtake na Avenida Faria Lima, 201. Com visitação de terça à domingo, de 11h às 20h, e entrada gratuita todos os dias.