Salve, Glorioses. O Cerrado é o segundo maior bioma da América Latina e também o segundo mais devastado no Brasil. Mas nesse Dia do Cerrado, quero aplaudir o projeto Cerrado em Pé, uma iniciativa que tem como único foco a recuperação dessa região tão rica e conhecida como berço das águas brasileiras.
Do Mato Grosso do Sul ao Maranhão, o Cerrado está presente em mais de 10 estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, além de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí. Sua vegetação migra de campos secos (inverno) a mangues (verão), com árvores de raízes longas e troncos grossos, que acumulam água durante os períodos de seca. E é nessa área, que mede cerca de 1.800km², que se encontram três das cinco bacias hidrográficas da América do Sul (Araguaia, Prata e São Francisco).
Graças à exímia engenharia da natureza, o Cerrado abastece o Bbrasil, mais quadro países vizinhos e outros quatro biomas. Os estudiosos do assunto nos alertam que, se quisermos ter água a partir de 2030, precisamos agir para a revegetação do Cerrado agora!
O projeto Cerrado em Pé é um movimento que capacita habitantes do entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, coletando e multiplicando sementes nativas do Cerrado. Essas mulheres e homens mapeiam as áreas preservadas da região, coletam sementes nativas de forma responsável, e cuidam de armazená-las para ações de recuperação em áreas degradadas.
Mas todos nós também podemos comprar as mais de 70 espécies catalogadas. É com esse dinheiro que a Associação construiu e mantém a Casa das Sementes, para o efetivo armazenamento. Hoje, mais de 80 famílias formam a Associação de Coletores de Sementes, que faz parte da Rede de Sementes do Cerrado, que regulamenta a atividade e fomenta o seu comércio.
Na contramão da monocultura, que desmata a vegetação nativa para o plantio de um só tipo de grão (soja, arroz, milho…), o Cerrado em Pé alimenta ações que resgatam a diversidade em áreas desmatadas. Além disso, tem papel fundamental na geração de renda dessas famílias e na capacitação dos coletores para o extrativismo sustentável, que se alimenta da vegetação mantendo o Cerrado em pé.
Como estipula a Agenda 2030 da ONU, temos 11 anos para desenvolvermos um plano de “ação contra a mudança global do clima” (Objetivo 13) e preservarmos a “vida na água” (Objetivo 14). Um compromisso que pouco a pouco reconstrói cenários.