Salve, Glorioses. Vocês conhecem a Casa do Rio? A ONG nasceu em 2014 mas desde 2009 já transforma vidas na comunidade de Careiro Castanho, no Amazonas, região cortada por rios e pela BR-319, uma estrada que liga Manaus a Porto Velho e foi um marco de desmatamento.
Tudo começou quando o ator Thiago Cavalli, cansado da rotina paulistana, encarou um exercício de preparação de atores que dizia: faça algo que nunca fez antes! A provocação foi tão certeira que ele juntou tudo o que tinha e foi parar em Manaus, o lugar mais distante que poderia chegar.
Ele conta que aterrissou com apenas uma muda de roupas e uma câmera na mochila, descendo estrada abaixo até encontrar uma casinha abandonada às margens do rio Tupana. Foi ali que decidiu recomeçar a sua vida.
A Casa do Rio era para ser uma residência artística, mas ele acabou percebendo as demandas daquela comunidade. Assim, o espaço passou a abrigar também uma pequena escola para alfabetizar as crianças que ajudavam os pais nas plantações e na pesca. De sexta a domingo, já que durante a semana eles trabalhavam, a área da casinha virava sala de aula. Isso até receber um espaço mais adequado da prefeitura.
Depois das crianças, viu-se também a necessidade de ajudar as mulheres da região. Elas também trabalhavam com a pesca e o plantio, mas não tinham independência, principalmente financeira, já que o costumeiro era que os homens coordenassem a renda dessas famílias.
Formou-se então a primeira turma da Teçume, um grupo de capacitação em empreendedorismo para que as mulheres pudessem transformar o artesanato tradicional da região (o trançado de palha) em fonte de renda. E o que começou com 11 mulheres hoje é uma marca independente de artesãs do Tupana que comercializa para todo o Brasil!
Desses dois projetos, a Casa do Rio alçou voo, criando mais ações de educação integral, agroecologia, sustentabilidade, formação de mulheres e também de jovens.
O voo foi ainda mais longe com a chegada da Rádio Floresta, implantada em 2019 com a ajuda do artista-educador Gustavo Torrezan, que doou equipamentos e montou a primeira rádio livre da região em uma salinha da casa. Hoje, com antena própria e transmissão também online, são três programas feitos inteiramente pelos ribeirinhos.
Com a chegada da pandemia, a rádio tornou-se ainda mais fundamental para compartilhar as medidas de saúde, já que é um meio de comunicação que chega às casas mais distantes rio adentro, onde a televisão e internet não tem tanto alcance.
Atualmente, a rádio é o único projeto em atividade da Casa, já que pode ser executada remotamente. Mas os planos para o futuro seguem firmes, e o próximo passo é construir a Lab Floresta, uma cozinha voltada exclusivamente para a culinária local.
A história da Casa do Rio é um verdadeiro chamado de inspiração. A sede, lá no Tupana, é chamada de Centro de Saberes da Floresta; o lugar onde as muitas vozes que correm o rio se encontram, compartilham e constroem coletivamente novas realidades.
Acompanhe a Casa do Rio, a Teçume e a Rádio Floresta nas redes sociais! Olha quanta coisa o Thiago pôde ajudar a construir quando decidiu tentar algo novo a partir daquela aula de teatro.
Fica então o pensamento: como podemos contribuir com a nossa comunidade e fazer o que nunca fizemos antes?
Um beijo e até a próxima Quarta Gloriosa.