O Carnaval é uma saudável brincadeira para quem sabe brincar. É a maior festa popular do Brasil e já comemorada em diversas partes do mundo. Com muita música, folia nos blocos de rua ou nas arquibancadas dos sambódromos e desfiles, a festa é conhecida pela total liberdade. Não importa a idade, gênero ou estilo, todos vão para a rua aproveitar. Mas este cenário de pura alegria por vezes é palco para ações de desrespeito, principalmente com relação à falta de respeito à mulher.
As roupas curtas fazem parte do guarda-roupa de todo brasileiro e brasileira, e no calor de fevereiro são as peças ideais principalmente para curtir uma festa de rua. Se nos desfiles das escolas de samba os corpos são exaltados em pinturas e biquínis com pedrarias, nas ruas são as saias curtas e shorts jeans que deixam as mulheres confortáveis para a diversão. Assim como os homens tiram as camisas para suportarem ao calor. Mas nenhuma das combinações é justificativa para qualquer tipo de assédio, seja uma cantada agressiva, assovios constrangedores ou qualquer tipo de toque não autorizado.
Campanhas de conscientização buscam respeito à mulher
Pensando nisso, as secretarias de Segurança, Saúde e Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos do Rio de Janeiro, além das Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros se uniram na campanha #CarnavalSeguro.
Em uma só campanha busca-se propagar pelas ruas da capital carioca a ideia de um carnaval em respeito aos direitos humanos: sem assédio, racismo ou homofobia. “A diferença entre paquerar e assédio é o não” foi o lema utilizado para divulgar o Disk Denúncia nos transportes públicos. Através do número 190 é possível reportar atos de desrespeito pelo carnaval. Nas redes, a hashtag #foliãoconsciente também teve destaque.
Em Vitória, no Espirito Santo, a campanha “Fantasia não é convite” surgiu após pesquisa popular em que 40% dos homens responderam que carnaval não era lugar para “mulher direita”. A secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho disponibilizou o número 180 para que as mulheres possam denunciar situações de opressão.
Já em São Paulo, Bahia, Pernambuco Rio e Minas Gerais acontece uma iniciativa criativa pelo respeito à mulher: a campanha “Não é não” distribui tatuagens temporárias por blocos de carnaval nas grandes cidades. A produção e distribuição do material de conscientização só foi possível graças a financiamento coletivo na internet. Falamos mais sobre essa iniciativa aqui no blog.
União
Ações como a de Luiza e dos órgãos públicos de direitos humanos são de extrema importância, pois levam a todos os que estão pela rua informação de respeito. Mas só têm sucesso com o apoio e participação de toda a comunidade. Não basta as centrais de atendimento se disponibilizarem se formos omissos ao observarmos situações de opressão. Precisamos conversar com os que estão próximos de nós, apoiar essas ideias, participar dos financiamentos coletivos que resultam em ações de impacto, promovendo o respeito à mulher.
O carnaval é uma das mais bonitas expressões da cultura popular de nosso país. Promove a interação entre os mais diferentes tipos de pessoas e valoriza a cultura local. É uma festa que movimenta a maioria das cidades do país em torno apenas de uma ideia de diversão. A paquera faz parte disso, a dança e se fantasiar da forma que se sente confortável, com o corpo à mostra ou não. A nossa natureza humana é exaltada nestes dias tão festivos, mas por que manchá-la com violência?
Aos que procuram aproveitar o carnaval acompanhados, respeitem quem está do lado de vocês, como deve ser feito em todos os outros dias do ano. Aos que vão sozinhos ou apenas entre amigos, observem o que ocorre em volta e cuidem de todos os que pareçam estar em alguma situação constrangedora, seja seu amigo ou não. E às meninas e mulheres, não se sintam envergonhadas ou amedrontadas: busquem os órgãos de apoio em casos de desrespeito e estejam sempre unidas.
Um bom carnaval, com muito respeito, para todos nós!