Desde 2013, a história da luta popular brasileira por direito à terra viaja por estradas de todo o país graças ao Sentimentos da Terra, um Caminhão Museu que já passou por 16 cidades e reuniu público de aproximadamente 50.000 pessoas. Em casa cidade, o museu se instala em uma grande área e permanece por um fim de semana com acesso gratuito.
Até 2018, foram 27 turnês em oito estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Bahia, Pará e Minas Gerais, o ponto de partida. A exposição itinerante Sentimentos da Terra é uma idealização do Projeto República da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob coordenação de Heloísa Starling, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.
O República é um centro de pesquisa, documentação e memória da UFMG, e o caminhão museu foi uma forma de levar para a população brasileira o resultado de suas pesquisas. A ideia surgiu ainda em 2004, quando os pesquisadores da Universidade, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, estudavam as histórias das lutas por terra no Brasil. Em 2010, deu-se início à construção física do projeto, que levou três anos para ser concluída.
A estrutura de mais de 25 toneladas comporta uma biblioteca com mais de 500 livros, duas salas de vídeo, uma sala de internet com seis computadores, sala de exposição, painéis com 8 personagens históricos, palco para apresentações e ainda um caraoquê. Projeto idealizado pelo arquiteto Gringo Cardia para promover aos visitantes uma experiência de imersão na história brasileira por meio do cinema, da literatura e música popular. Confira abaixo a montagem dessa estrutura.
Os movimentos de direito à terra e moradia fazem fazer da história do Brasil, um país sumariamente rural até meados do século XX. Pesquisar e manter vivo acervo que relembre períodos e personagens importantes dessas lutas é papel fundamental para manter viva a própria memória coletiva brasileira. Neste sentido, o Caminhão Museu Sentimentos da Terra se apresenta enquanto um um centro de lazer focado na educação e na consciência crítica.
A relevância do Caminhão Museu
Tamanha relevância fez com que o projeto se tornasse a única iniciativa premiada na oitava edição do Prêmio Ibero-americano de Educação e Museus, dentre 148 projetos inscritos de 18 países diferentes. O Sentimentos da Terra ficou em terceiro lugar, atrás apenas do Museo Comunitario de la Memoria Histórica de Rabinai (Guatemala) e do Ecomuseo Túcume (Peru). Como descrito no portal do Prêmio Ibero-Americano, o Caminhão Museu destaca-se por seus objetivos: incentivar uma leitura transversal e múltipla do significado e da história do campo brasileiro e promovendo ampla disseminação da informação de forma acessível à comunidade em geral.
Por meio da arte, ambientes lúdicos e interativos, atividades de vestuário e encenação de época e vídeo educativos, o público é levado a ressignificar a própria história. Para facilitar esse entendimento, o projeto produziu 11 animações sobre o sindicalismo rural, marchas pela terra, lutas quilombolas e indígenas, episódios históricos como a Guerra de Canudos e biografia de personagens importantes como o seringueiro e ambientalista Chico Mnedes. Cada filme é narrado por um artista, como Chico Buarque, Wagner Moura, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Confira abaixo trecho da animação sobre Padre Josimo Tavares, coordenador da Comissão Pastoral da Terra assassinado a mando de fazendeiros por sua defesa aos trabalhadores rurais.
O Projeto República também transformou em caminhão a exposição “Conflitos: fotografia e violência política no Brasil 1889-1964”, em parceria com o Instituto Moreira Salles (confira). Acompanhe essas e outras ações do grupo de pesquisa através das redes sociais: Instagram | Facebook | Site Oficial.