Ar: se eu não sou o outro, quem sou eu?
Astrologia

Ar: se eu não sou o outro, quem sou eu?

Ar: se eu não sou o outro, quem sou eu?

Na sequência dos quatro elementos, vimos: fogo (libido, propósito), terra (manutenção, estrutura) e água (sentimento, senso de sentido): agora, vamos entender qual é a lógica do elemento ar. 

Abaixo temos a imagem de um mapa astral, podemos, para finalizar nosso estudo dos quatro elementos, retomar nesta imagem do mapa a cruz central, cujas quatro pontas estão nomeadas com AC, IC, DC, MC. Agora, coloque o foco da sua atenção nos pontos AC – DC.

Quando falamos em AC (ascendente) e DC (descendente) estamos falando ao mesmo tempo do eixo das casas 1 -7 (mais adiante estudaremos mais profundamente sobre as casas astrológicas). O eixo AC – DC ou 1 -7 forma uma linha horizontal de ultraimportância para nossos estudos de astrologia, vamos entender por quê. 

Esse eixo horizontal une o ponto AC, que associamos com o nascimento do EU e o ponto DC, associado com a chegada do OUTRO.

O que acontece neste eixo é que ligamos o eu ao outro, de modo que entramos no mundo social, o mundo das relações, das trocas, dos encontros, ou ainda, o mundo relativo (aonde não há verdades absolutas). 

Se os lábios da sabedoria só se abrem ao ouvido do entendimento: um fala, o outro escuta. 

Quando eu encontro o outro, tenho um vislumbre de mim. É no encontro com o outro que reconheço meu eu. Quando vejo alguém e entendo que aquele que vejo não sou eu, nasce a questão sobre: ‘se eu não sou o outro, quem sou eu?’

o eu social

É também neste eixo que podemos ter pistas e localizar o uso do nosso eu-máscara, pois aqui estamos falando do eu social, o eu que se adapta ao ambiente para existir, que atende às expectativas do outro, que se molda para mediar e ponderar conflitos e, em última instância, que vê o mundo e se protege dele.

o eu-máscara

Quando crianças, independente das circunstâncias da nossa história individual, fomos doutrinados com advertências sobre a importância de ser bom. Quando não éramos capazes de ser bons o suficiente, éramos punidos de alguma maneira. Talvez o pior dos castigos fosse a retirada de afeto por parte dos nossos pais, (o que acontece em alguns casos), o que cria uma impressão de não estarmos sendo amados.

Assim, costumamos a associar ‘mau’ com punição e ‘bom’ com recompensa. Consequentemente, a necessidade de ser bom e perfeito torna-se um dever para este ser que pretende interagir com o mundo social.

No entanto, guardamos conosco a sensação (talvez, a certeza) de sabermos que não somos tão bons nem tão perfeitos quanto deveríamos ser para o mundo. Essa verdade íntima fica escondida, guardada como um segredo (culposo) e partir disso passamos a construir um EU mirando nas necessidades ideais do OUTRO.

Esta é uma realidade distorcida do elemento ar, porém acho difícil que algum de nós, humanos, não a experimente em alguma fase da jornada. Seguiremos estudando este tema, mais para frente, relacionando os elementos entre si.

ar: o eu em palavras

Experimente prender a respiração por 20 minutos e você vai lembrar da importância sutil do ar. 

O ar não é visto, o ar está.

O ar não pode ser pego, não pode ser tocado, o ar é. 

Símbolo de liberdade e independência, autonomia, espaço e desconstrução. O ar nos ensina que dividir é melhor que possuir, que não existe meu, e sim: nosso. 

É no ar que encontramos a criança em relação com seus irmãos, sua primeira comunidade, seu primeiro contato com essa pequena sociedade: quando a voz se transforma em palavras, em perguntas, em estímulos mentais.

A conversa, a comunicação, a curiosidade: a criança vê o irmão e quer imitá-lo: ela quer ser como este ou esta irmã. Ela quer ser igual, é no irmão ou irmã mais velha que esta criança projeta a busca pelo seu eu.

Quando não há irmãos, há a presença de outras crianças, trata-se de uma simulação da sociedade na sala de casa, marcado pela saída do berço: o entusiasmo para engatinhar, colocar o dedo na tomada, entender como funciona este primeiro mundo pós-berço.

Nossa respiração, pulmão. 

Nossa comunicação, as mãos. 

Nossa curiosidade, olhos.

O eu que se relaciona no ar comunica, pensa, quer descobrir a lógica por trás das coisas, entende o mundo pela razão e pelas vozes dos outros. Alguém movido a encontros, os matches, as redes, os amigos, o público em geral. 

É impossível viver sem se relacionar: aqui, no elemento ar, estamos falando sobre um tipo de relacionamento de base intelectual, movido à troca por conhecimento, estudo e conhecimento, muitas vezes linguístico, o editorial. O saber e o prazer de estudar, ler, ver e falar: palavras. 

O elemento ar nos ensina, dentre tantas coisas, a flutuar; flutuar no mundo que é o pensamento, a linguagem, a função do falar. Ar: o dono das livrarias, bibliotecas, salas de estudo, companheiro dos assuntos mentais. 

Ar é comunicar, e o que é comunicação se não colocar palavras em ação? Há um poema que diz que ‘tumores são palavras presas’. Elemento ar é sentir que o verbo é a linha que faz conexão entre a língua e o coração. Dizer! 

O segredo do ar é soltar, mudar, se abrir, se liberar. Para isso, portanto, ir além do eu-máscara. Como? Se perguntando: ‘Com que palavras eu me visto? Com que palavras eu me dispo?’

 

 

 

 

 

 


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