A Amazônia por Sebastião Salgado
Arte & Cultura

A Amazônia por Sebastião Salgado

A Amazônia por Sebastião Salgado

Sebastião Salgado é o fotógrafo brasileiro de maior prestígio internacional, responsável por livros aclamados como Êxodos, África e Gênesis, sempre unindo a fotografia a causas humanitárias. Em um de seus registros mais recentes está a série Amazônia, um retrato da vida de índios isolados e um protesto às investidas humanas contra a natureza.

A Amazônia pelos olhos de Sebastião Salgado

Imagem: El País

O projeto surgiu ao final de 2017, fruto de uma expedição do fotógrafo ao interior da Amazônia em um total de 20 dias. Desde seu primeiro trabalho, Salgado tem como principal característica o apreço pela antropologia. Por isso, seus registros sempre são fruto de uma imersão local, como “Trabalhadores” (1996) que retrata a situação insalubre de trabalhadores rurais e explorados. Em Amazônia, o fotógrafo imerge no ambiente da floresta e chega até os Korubo, uma das etnias mais reclusas do país, com contato mínimo à sociedade não-indígena. O plano de fundo foi o Vale do Javari, terra indígena nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, oeste do estado do Amazonas.

Como registra o Instituto Socioambiental (ISA), Os Korubo vivem na região de confluência dos rios Ituí, Coari, Branco e Itaquaí, com a maior parte da população de 200 pessoas ainda isolada. Em 1996, a Fundação Nacional do Índio (Funai) fez contato com um pequeno grupo e desde então mantém certo contrato através dos índios Matis, de mais fácil contato. Os Korubo falam uma língua não classificada, mas comunicam-se principalmente com a lingua dos Matis, que também compreendem e falam bem. Alguns poucos, porém, falam o português, segundo a ISA.

Como aponta reportagem do El País, Amazônia provavelmente seja o último grande trabalho de Salgado. O projeto foi um grande feito: o primeiro grupo de brancos a adentrarem na rotina inabitável dos Korubo. A partir desse primeiro contato, o projeto deve render outras mais expedições pela maior floresta tropical do mundo por pelo menos 2 anos. 16 desses primeiros registros, porém, foram cedidos pelo fotógrafo ao acervo do Supremo Tribunal Federal, onde figuraram uma exposição no começo do ano. No dia da inauguração, Salgado comenta:

“A Amazônia é a última grande porção de floresta tropical do planeta e acho que nós todos juntos temos a obrigação de mantê-la. Essas populações indígenas representam a pré-história da humanidade, e feliz o país, como o nosso, que pode conviver com sua pré-história. Essas imagens representam a pureza do Brasil”.

A vida de Salgado

Sebastião Salgado nasceu em 1944 no interior de Minas Gerais e viveu sua infância no Vale do Rio Doce. Formou-se economista pela Universidade Federal do Espírito Santo e emigrou para Paris durante a ditadura militar, em 1969. Seus primeiros registros começaram durante viagens a trabalho, principalmente para a Africa, e o hobbie tornou-se profissão quando ao final dos anos 70 já fotografava de forma independente para algumas agências francesas.

Durante toda sua vida, Sebastião Salgado teve aproximação com as lutas populares e ideais humanistas, o que guiou o seu trabalho. “Outras Américas”, de 1999, registra as comunidades pobres da América Latina, enquanto Êxodos (2000), um de seus mais reconhecidos livros, volta sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, algo muito em voga ainda hoje com a crise dos refugiados.

Entre as organizações humanitárias por quem partilha apreço e parceria estão o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONG Médicos sem Fronteiras. Suas paixões podem ser mais compreendidas no documentário O Sal da Terra, registro do alemão Wim Wenders e do brasileiro Juliano Salgado, filho de Sebastião. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2015.

Imagem: El País

Acesse o site oficial do fotógrafo. Confira ao registro completo dos Korubo aqui.

 

 

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