Desde janeiro de 2017, uma só pessoa conseguiu retirar 1,5 toneladas de lixo de um rio próximo a Curitiba, no Paraná. Diego Saldanha, vendedor de frutas na cidade de Colombo, a 18 quilômetros da capital, criou naquele mês um projeto próprio de Ecobarreira – uma estrutura flutuante para barrar os lixos que desciam pelo Rio Atuba, ao fundo de sua casa.
Como funciona a Ecobarreira
Tudo foi montado em uma só tarde, com cerca de 25 galões de água envolvidas em uma rede de proteção. A rede tem 5 metros de comprimento, suficiente para atravessar a largura do rio. Em cada ponta, a barreira é presa por estacas de ferro e a altura varia com o volume de água do rio. Em períodos de cheia, a barreira sobe com o nível pela estaca e quando há enchente, ela se solta automaticamente por um dos lados.
A iniciativa deu tão certo que hoje Diego dá palestras em escolas e é procurado por organizações e demais pessoas interessadas em replicar essa ideia. Das 1,5 toneladas de lixo, a maioria é plástico. Depois de devidamente separados, os entulhos são separados e destinados a pontos de reciclagem e descarte. As garrafas são doadas para a escola do bairro, a E. M. Gabriel D’anuncio Strapasson, que no ano passado arrecadou mais de 900 reais com a reciclagem. Mas nem só PET são encontradas. No local onde se encontra a ecobarreira, também, Diego montou uma espécie de museu com os objetos mais inusitados: bonecas, utensílios antigos, eletrodomésticos e até móveis como um sofá. Nada passa pela Ecobarreira.
Em entrevista à websérie Mares Limpos, parceria entre a ONU Meio Ambiente e o Movimento Menos 1 Lixo, Diego conta suas inspirações e processo de criação da Ecobarreira. Seus dois filhos foram um dos principais incentivadores, e foi para eles que Diego procurou dar o exemplo e mostrar, como conta, “que é possível fazer algo pelo rio, pela natureza, pelo nosso meio ambiente, pra quem sabe um dia, num futuro bem próximo, voltar a ser realidade esse rio limpo”.
Assista abaixo o episódio na íntegra
Além da barreira de Diego, outras construções atuam com o mesmo fim em rios pelo Brasil, como no córrego Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, onde a ecobarreira reteu 350 toneladas de lixo até final de 2017 e onde a prefeitura organiza visitas guiadas para escolas públicas. No último dia 28 de agosto, foram retirados do Arroio Dilúvio cerca de 200 pneus. Todo o lixo retiro pela ecobarreira é contabilizado em um “Lixômetro” digital instalado próximo ao local, como forma de conscientizar a população.
Em Blumenau, Santa Catarina, a mesma técnica de Diego fora utilizada pelo grupo Amigos da Natureza, que instalou no rio Ribeirão Garcia uma ecobarreira com 32 galões de água de 20 litros, desses utilizados dentro de casa. Essa foi mais uma iniciativa do grupo que, em quatro anos, já retiraram 10 toneladas de lixo do rio. Confira aqui essa história.
Ficou inspirado? O próprio Diego Saldanha ensinou ao portal do Gshow como produzir a sua própria ecobarreira. Confira. Aproveite para acompanhar mais do trabalho de Diego em sua página do facebook.