Havia acabado de completar 40 anos. Era casada e mãe de uma filha de oito anos. Acreditou que as falhas no ciclo menstrual eram devidas ao processo de menopausa. Isso não era comentado normalmente – a menopausa. Aliás, qualquer pauta feminina era reservada à um restrito núcleo da família.
Ela e o marido, que também era ator de rádio-teatro, haviam inaugurado uma escola inovadora, o Instituto Curumim. Eles eram um casal feminista.
O acidente aconteceu em fevereiro de 1963. Durante os exames emergenciais, descobriu que havia fraturado três vértebras de sua coluna vertebral e estava grávida, há quase 4 meses.
Sempre penso sobre o quê terá feito essa mulher decidir passar meses deitada, enfrentando dores horríveis.
Essa foi a primeira experiência que tive, ainda no ventre de minha mãe, sobre união feminina.
Mãe, só tem uma?
Todos sabemos que o dia das mães foi criado por uma demanda comercial, bem como quase tudo o que celebramos. Para mim, isso não faz diferença.
Uma das coisas que minha mãe me ensinou foi ser livre. Nesse dia e em todos os outros, homenageio mais do que a memória dela. Celebro sua passagem por aqui, agradeço por tudo o que me deu, caso já não fosse suficiente a vida, por tudo o que me ensinou.
Sempre penso sobre o chamado materno e como a decisão de se tornar mãe chega para cada mulher. Muitas que o querem, mesmo não desejando mais o papel materno tradicional.
Neste domingo festejaremos a figura emblemática que aceita receber outra vida, como parte de si mesma, seja da maneira tradicional, artificial ou mesmo, trans-pessoal – a materna.
E como é ser mãe, dentro das novas ideias de famílias? Mãe, só tem uma? E a formação de casais homoafetivos, com duas mães? O direito de amar quem se quer, a meu ver, é primordial para a construção de uma sociedade sem violência, sem preconceito.
Separei um vídeo que traz uma entrevista muito inspiradora, onde Márcia Tanuri e a juíza Andrea Pacha, conversam sobre mulheres e sobre maternidade. Clique aqui para assistir.
Mãe é tudo igual…
Beijos,