Hoje é marcado como o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, que ocorre há alguns anos como forma de estimular o bom convívio de todas as fés no território brasileiro. Mas você sabe como essa data surgiu? Há 21 anos atrás, no ano 2000, a intolerância religiosa custou a vida da Mãe Gilda de Ogum, Ialorixá de Itapuã (BA).
Sua fé era vinda de outros cantos, sua religião, de matriz africana. As agressões verbais sobre sua fé eram rotineiras. Certo dia, o terreiro em que abria os rituais para seus filhos de fé, foi invadido por seguidores de outra religião, e as agressões que até então eram verbais passaram a ser também físicas. No mesmo ano desse ataque, um jornal religioso trouxe a foto de Mãe Gilda com uma tarja no seu rosto acompanhando a frase “macumbeiros charlatões lesam a vida e o bolso de clientes”. Após ler, a Ialorixá faleceu de infarto fulminante.
Foi 7 anos após a morte de Mãe Gilda de Ogum, que o Dia de Combate à Intolerância Religiosa foi sancionado no Brasil, encontrando-se, assim, com o Dia Mundial da Religião – comemorado no mesmo dia. Mas por que essas datas são tão importantes?
As piores guerras e conflitos sempre tiveram como motivo os conflitos religiosos, e datas como essa estimulam a discussão a respeito da liberdade de crença de cada um. Lembrar a todes a importância do respeito entre as culturas, povos e religiões. Lembrar que o Brasil é um país plural, um encontro de histórias e berço de muitas outras. Que todas as crenças e seus fiéis possam sentar à mesma mesa e compartilhar de um mundo tão diverso e vasto. Para evitar que a cada 15 horas, seja registrado uma nova denúncia de intolerância religiosa no Brasil. Para isso que datas como essas devem ser lembradas e discutidas
É fato: ninguém nasce odiando, ninguém nasce intolerante – torna-se. E a melhor forma de evitar isso é a informação. O mundo conta com uma população sortida, múltipla, plural. E é por essa diversidade de corpos, culturas, territórios e histórias que cada canto é único, rico e fértil, e é um desperdício de tempo odiar a liberdade do outro. Que sejamos livres! Pela memória de Mãe Gilda de Ogum e de todes que oram – fazem – um mundo melhor!
“Visto que nossa vida começa e termina com a necessidade de afeto e cuidados, não seria sensato praticarmos a compaixão e o amor ao próximo enquanto podemos?”
- Dalai Lama