Valor cultural dos saberes indígenas
Atitude Bemglô

Valor cultural dos saberes indígenas

Valor cultural dos saberes indígenas

Em meio a tanta invasão de terra e o avanço do desmatamento que assusta este ano, falar sobre a pauta indígena tem sido super importante. Em agosto, a morte da liderança dos povos Wajãpi, no Amapá, e a crise mundial em torno das queimadas na Amazônia intensificou todo esse debate em torno da causa ambiental e dos povos da floresta. Mas em meio ao triste cenário de violência ao meio ambiente, é através da arte, educação e da comunicação que se mantém vivo o conhecimento da floresta.

Foi pensando no valor cultural desses saberes que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) criou o Festival de Cinema Indígena Online. O projeto reuniu mais de 90 filmes focando no Brasil, países vizinhos da América Latina e também o Caribe. Representando o Brasil estão documentários sobre os povos Kalapalo e Kawaiwete. E o melhor: tudo gratuito.

“A seleção contempla uma variedade de idiomas indígenas, falados por entrevistados de documentários e personagens de ficção. Entre as línguas gravadas, estão o Damana (Povo Wiwa), Kamëntsá, Awápit, Namtrik (Povo Misak), Nasa yuwe, Mojeño Ignaciano, Chacobo, Chiquitano, Kalapalo, Matlatzinca, Tojolabal, Tojono, Otomí, Waorani, Movima, Machineri, Cavineño, Huasteco, Yaqui, Tseltal, Huichol, Qhas Qut Suñi Urus, Uru Chipaya, Moré, Tsimane, Ch’ol, Mayo, Purépecha, Seri, Cucapá, Weenhayek, Náhuatl, Nasa yuwe, Guaraní, Mosenten Beni, Kayabi/Kawaiwete, Millcayac, Matapi, Tinigua, Tehuelche, Guaná, Chaná, Uru uchumataqu, Tapiete, Awajún, Quechua, Amahuaca, Taushiro, Sapanish.”

A cultura indígena da América Latina

Representando o Brasil está o documentário “Inhu Kalapalo”, de 2012,  produzido pelo Museu do Índio Botafogo durante uma oficina de produção de colares de caramujo, na Aldeia de Aiha em Mato Grosso. Outro brasileiro na mostra é o “Japepo“, de 2014, produzido como parte do  Projeto de Documentação da Língua Kawaiwete do Museu do ìndio na Aldeia Tuiararé, na Terra Indígena do Xingu. Do mesmo ano de Japepo, o curta-metragem “Etepe” acompanha o retorno dos povos Kalapapo para suas aldeias originais, abandonadas no início dos anos 60 após a criação do Parque do Xingu.  

Ao longo de toda a América foram eles, os povos tradicionais, que mantiveram essas terras prósperas e férteis. E aprender com os povos originários sobre os seus costumes e realidade é fundamental para ampliar a conscientização sobre o outro e a relação do homem com a própria terra. É uma ação de empatia. 

Cada filme da seleção compartilha uma cultura diferente, a partir do país de origem. Os documentários estão todos em língua original e para acessá-los basta conferir uma playlist gratuita no Youtube. A proposta é disponibilizar de forma acessível filmes que dificilmente teríamos acesso. Além do intercâmbio cultural entre os próprios países e as diferentes etnias que a povoam. 

São filmes que valorizam a terra e os saberes tradicionais, tão ameaçados atualmente. Por meio dos costumes representados, também, educam o espectador sobre a preservação do meio ambiente, do patrimônio cultural e natural, e evidenciam o papel das mulheres indígenas.  Além de ser uma iniciativa que se preocupe em debater o papel de uma comunicação democrática, ampliando o alcance da população a essas histórias. 

O cinema tem a mágica de nos levar para novas realidades, e poder experimentar ao menos um pouco a vivência indígena é um privilégio que transforma. Clique aqui para assistir todos os filmes.

 


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