Sono – Insônia, remédios e loucuras
Vida Saudável

Sono – Insônia, remédios e loucuras

Sono – Insônia, remédios e loucuras

Saiba o que está por trás da insônia e quais são as consequências da ingestão de remédios para dar sono. Confira mais essa dica do Dr. João Curvo.

O sono noturno é fundamental para que o corpo refaça sua própria estrutura. O colágeno, responsável por dar forma e firmeza na pele e músculos, depende do repouso para que seja fabricado de maneira correta. Dormir bem é essencial para a atenção, a concentração e a memória, uma vez que durante o sono noturno fabricamos mais os hormônios de crescimento e os sexuais. Uma boa noite de sono ajuda a controlar a pressão arterial e diminui os riscos de doenças cardiovasculares, obesidade e depressão. Além de ser essencial para a imunidade, a qualidade do sono é determinante na energia do dia seguinte.

Uma rotina de higiene pessoal antes de dormir ajuda a “encontrar” o sono. A repetição dos gestos, como limpar os dentes, lavar o rosto ou tomar um banho e desligar os aparelhos eletrônicos (televisão, computador, celular…), já vai avisando ao cérebro que chegou a hora do repouso, para recarregar as nossas baterias. Tentar deitar e acordar nas mesmas horas, auxilia na ritmicidade do sono noturno e da vigília diurna.

Procure ficar na cama em torno de sete ou oito horas por noite. Não temos como saber com certeza por quantas horas dormimos, uma vez que perdemos esta consciência assim que entramos no sono, mas sabemos quantas horas ficamos em repouso na cama. Se não conseguirmos dormir continuamente, devemos pelo menos ficar em repouso, em silêncio no quarto escuro, em recolhimento durante estas 7-8 horas. Só repousar não basta, mas já é um atenuante das penas que se paga por não dormir.

Comer um doce antes de dormir facilita o sono. Bombardeados por midiáticas informações, os carboidratos viraram vilões se comidos à noite. Sob meu ponto de vista, esta afirmativa é um equívoco, dito como tantos outros, que após repetições sucessivas parecem ser verdade. Na medicina energética, há milênios, raízes são indicadas no jantar como forma de facilitar o recolhimento, em alusão à volta à terra (raízes crescem para baixo), ao interior. Um docinho à noite, antes de ir para a cama e finalmente ao sono, só faz mal àqueles que já o comeram a mais durante o dia.

Desde que não seja muito, um pouco de açúcar pode estar presente no dia a dia. O carboidrato é essencial para o nosso sistema de recompensa pelo prazer mediado pela serotonina. O fígado e todos os fatores que remetem à sua energia, têm grande papel na qualidade do sono. O fígado é como uma usina e precisa de um carboidrato como forma de energia para sua intensa produção noturna. Na medicina chinesa, o horário do relógio biológico do fígado é entre uma e três horas da manhã. Nesta faixa de horário muitos insones reviram suas angústias e ficam aflitos com a chegada de um novo dia antes mesmo de terem dormido o tempo necessário para o sono reparador. Acordar com uma cara boa, alegria e vitalidade para fazer exercícios físicos e mentais, passa a ser difícil para quem dormiu mal.

Um bom colchão, cobertas gostosas, o escuro e o silêncio são elementos fundamentais para aconchegar o sono. Tudo o que escrevi acima não é novidade alguma, principalmente aos insones, mas então o que fazer quando, apesar de nossa organização, a insônia persistir?

Remédios para dormir são cada vez mais usados e indicados. Numa linha crescente em intensidade de atuação temos, na medicina natural, os recursos homeopáticos, fitoterápicos e ortomoleculares. Já na alopatia, com tarja preta e medicação controlada, temos ansiolíticos, hipnóticos e anticonvulsivantes. Entre os recursos naturais indicados para dormir, os mais comuns são: valeriana, passiflora, camomila, crataegus – em extrato seco, tintura ou chás – relaxam e são facilitadores para a chegada do sono.

Melatonina – é um hormônio, uma substância natural em nosso corpo, determinante de nosso ritmo de sono e vigília. À noite, no escuro fabricamos a melatonina, que nos induz ao sono profundo. Com o tempo e com os estresses, vamos perdendo esta capacidade de produção e com isto, dormindo menos.

Triptofano, magnésio, Vitamina B1, B6 – são recursos da medicina ortomolecular. Também são substâncias naturais, presentes em alimentos e suplementos, que auxiliam na produção de serotonina, que nos traz um relaxamento mental e físico.

Os remédios alopáticos com receita controlada indicados para dormir, têm sua devida indicação e, em último caso, é melhor dormir às custas deles do que não dormir. Medicamentos à base de Clonazepan, Bromazepam, Diazepam e Topiramato, agem reduzindo a atividade cerebral e com isso, favorecem o aprofundamento do sono. São também cada vez mais usados e, segundo estudos recentes, o uso contínuo acelera a perda de memória que surge com o tempo.

Indutores do sono como os que contém Zolpiden ou Midazolan, cada vez mais usados no dia a dia, são hipnóticos, bastante eficazes durante três a seis horas, mas podem causar sérios constrangimentos quando a pessoa o ingere sem que esteja deitado para dormir. Estas substâncias reduzem a autocensura. Estes dois medicamentos são habitualmente administrados a pacientes minutos antes de uma endoscopia, colonoscopia ou de uma anestesia para cirurgia. Quem já tomou e não ficou calado talvez se lembre de parte da história. Em um estado semi-hipnótico, o lado mais puro aparece, sem censura, sem tipos e sem defesas. Estas químicas podem levar à um estado onde abre-se o coração e mostra-se a essência.

A questão é que nem sempre podemos nos desnudar completamente, sem que haja prejuízo pela exposição e julgamentos dela decorrentes. Em um jogo da verdade, em palavras ou gestos, ela será estampada. Sabemos bem, desde os cinco anos de idade, que nem tudo o que pensamos podemos dizer. Faz parte do crescimento escolher as palavras e dosar a sinceridade para a convivência em harmonia, tanto no lar, na família, nas amizades, como no trabalho. Relatos como ter dito o que não devia; respondido e-mails numa forma como não faria se estivesse num estado “normal”; agendado reuniões e esquecido; se expor de forma inabitual são relatos comuns. No dia seguinte a pessoa nem se lembra, mas talvez a lembrem. Quando se toma destes medicamentos e não se deita para dormir, também é comum ter uma fome avassaladora e ir à cozinha, preparar uma comida, fazer uma lambança e só no dia seguinte se dar conta.

O gás é um perigo. Este efeito colateral pode ser evitado alertando o paciente para que só tome destes medicamentos quando estiver deitado, com a luz apagada, já com tudo programado para dormir. E não atender ao telefone. Fora isto, o uso contínuo destes medicamentos, ao que estudos indicam, além de prejudicar a memória, é um facilitador para o surgimento mais precoce das demências senis.

Até a próxima.

Dr. João Curvo

 

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