Satish Kumar: Solo, alma e sociedade
Quarta Gloriosa

Satish Kumar: Solo, alma e sociedade

Satish Kumar: Solo, alma e sociedade

Salve, Glorioses. Quando tinha nove anos de idade e vivia em Sri Dungargarh, na Índia, o ativista e palestrante indiano Satish Kumar, nascido em 1936, decidiu ser monge. Para qualquer família, ter um filho monge era um bom presságio e, assim, ele foi viver em um monastério janaísta.

A palavra Jain deriva do termo sânscrito que designa os mestres oniscientes, os “vitoriosos”, assim conhecidos por terem vencido as paixões, chegando à libertação do ciclo de renascer. O cerne desta tradição religiosa é o ser humano e ensina que o universo é eterno, sempre em transformação, não possuindo um criador.

Aos 18 anos, Kumar conheceu os ensinamentos de Mahatma Gandhi, suas idéias, bem como a sua lição de pacífica revolução e, assim como ele, percebeu que a sua missão estava no mundo, lidando com as pessoas no seu dia-a-dia. Tornou-se, então, aluno de Vinoba Bhave, um discípulo de Gandhi e, junto ao mestre, peregrinou de cidade em cidade, até que criou um protesto pelo desarmamento nuclear em 1960,  no qual caminhou 14 mil quilômetros. Mas o quê ele tanto queria dizer?

A mensagem de Kumar é direta: nós somos parte da natureza, não donos dela – destruir a natureza é destruir a nós mesmos, seja por meio da guerra ou da devastação ambiental.

Ecologia e economia vem da mesma origem – “eco” (do grego oikos), significa “casa”; “logia” (logus) significa “conhecer através do estudo”; e “nomia”(nomus), significa “gerir”.

Mas essa mensagem, embora direta, não é simples. Por muito tempo, temos vivido acreditando que conhecer e gerir a nossa casa (a Terra), porem ter futuro em lados opostos. Destruir a natureza em busca de desenvolvimento não nos trará longevidade. A sociedade, como um todo, precisa ser reeducada, e é por isso que Satish Kumar caminha até onde for preciso.

Para ele, a transformação começa nas escolas que, em vez de focar em “leitura, escrita e aritmética”  deve privilegiar “cabeça, coração e mãos”, incentivando a capacidade intelectual do aluno sem deixar de lado a saúde emocional, que se beneficia do contato com a natureza, do cultivo e do fazer manual.

Para inverter a lógica da ganância e da destruição ambiental, precisamos  nos ver como parte desse tesouro que é a natureza. Esse é o verdadeiro patrimônio. Não é uma mudança fácil, mas também não é impossível.

Satish Kumar disse a alguém que classificou seu ativismo como utópico: “metade da humanidade vai para a cama com fome por causa de todos os líderes realistas do mundo.”

O ativista publicou mais de 10 livros, sendo dois no Brasil: “Simplicidade elegante: a arte de viver bem em nosso precioso” (2020) e “Solo, alma, sociedade – Uma nova trindade para o nosso tempo” (2017).

Hoje, os ensinamentos de Kumar são compartilhados na Schumacher School, escola de Ecologia Profunda e Ciências Holísticas, fundada por ele em 1991, inspirada nos ensinamentos de economia sustentável do alemão Ernst Schumacher.

Situada em Devon, no sudoeste da Inglaterra, a escola prega uma economia na qual a produção é feita por pessoas, para atender às necessidades das pessoas, com matéria-prima local e energia renovável. Felizmente, para nós brasileiros, a Escola Schumacher chegou ao Brasil em 2014. Que tal conhecer?

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