A arte de Flávio Cerqueira
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A arte de Flávio Cerqueira

A arte de Flávio Cerqueira

Desde “João Sem Braço”, primeiro arte em bronze feita em 2008, Flávio Cerqueira chegou ao Museu de Arte de São Paulo, à Pinacoteca, ao Museu Afro Brasil, ao Stefano Bardini na Itália, à Goodman Gallery na África do Sul, dentre tantos outros espaços de arte no Brasil e no mundo. O nome do artista paulistano circula com um trabalho muito específico: a escultura.

Flávio Cerqueira e o encontro com a escultura

Flávio nasceu na cidade de São Paulo, onde cursou Artes Plásticas na Faculdade Paulista de Arte, em 2005. 12 anos depois, em 2017, continua sua formação enquanto mestrando em Processos e Procedimentos no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (UNESP). A paixão pela arte, porém, surgiu antes da formação acadêmica, quando Flávio fazia artesanato hippie com massa epóxi, específica para vedação na construção civil mas adaptada no meio das artes para confecção de pequenas esculturas. O interesse do epóxi ao bronze se deu em 2001, quando o artista viu na Pinacoteca do Estado uma exposição do escultor francês August Rodin. “A partir daí não parei mais e faz parte do meu dia a dia”, ele conta.

O característico no trabalho de Flávio Cerqueira é o retrato de instantes comuns do dia a dia. Um menino brincando com bolha de sabão, com balões, um abraço… são todas cenas do cotidiano que foram retratadas por ele no bronze. Apesar de simularem a eternização de um instante, as esculturas de Flávio movimentam quando propõem uma reflexão. Cada um tira da contemplação um questionamento, e esse diálogo varia para quem vê. Cada escultura, como ele mesmo diz, cria vida própria ao sair de seu ateliê. Talvez por isso Flávio seja, além de artista, um contador de histórias.

Para mim arte sempre foi uma forma de comunicação entre as pessoas. A forma que eu encontrei para resolver minhas questões e trazer para debate certos assuntos foi por meio das esculturas, trabalho com a figura humana por ser a forma que encontrei para materializar aquilo que quero comunicar. Eu acho que mais do que criar narrativas arte é importante para nos fazer pensar, nos tirar da zona de conforto, nos levar para um outro lugar, nos fazer pensar fora da ‘caixa’.”

“Foi assim que me ensinaram”, de 2011, é uma das esculturas de Cerqueira que, mais do que o retrato de um instante, é o reflexo profundo de uma questão. Uma criança, com as costas curvadas e a cabeça baixa, com um chapéu pontiagudo e sentada sobre livros. No Museu de Arte do Rio de Janeiro, em 2014, ela ganha corpo durante a exposição coletiva “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”, quando montada na quina de uma sala de aula, o rosto virado para a parede. Uma cena ainda há pouco comum nas escolas brasileiras que nos fazem refletir sobre um modelo defasado de ensino, talvez. Fica o questionamento sobre os diversos pensamentos que a arte pode nos suscitar.

Quando questionado sobre algumas de suas obras que gostaria de destacar, Flávio cita “Eu te disse…”, de 2016 e que mostra duas pernas de bronze sob o que seria um corpo amontoado por livros de história do Brasil:

Esse trabalho fala sobre a edição das histórias oficiais e das informações ditas como ‘reais’, que é transmitida para as pessoas. Antes eram os livros que cumpriam as vezes esse papel (eu cresci ouvindo os professores dizerem que o Brasil foi descoberto em 1500 por Pedro Álvares Cabral e com certa idade já com senso crítico comecei a me questionar como é que se descobrem algo com milhares de pessoas habitando o local). Hoje é mais rápido, por meio das fake news. As mentiras podem.”

Ao todo, Flávio já esteve à frente de seis exibições solo e mais de 50 coletivas, desde a primeira, em 2009 no V Salão de Artes Plásticas de Suzano (São Paulo) até a mais recente, “Arte para sentir”, na Caixa Cultural de Brasília. Só em 2018, destacam-se a “Queer Museu”, no Parque Lage (Rio de Janeiro), “Histórias Afro-Atlânticas” (MASP) e “Entre Acervos”, no Palácio das Artes de Belo Horizonte, além das internacionais “Open Spaces”, na Universidade de Missouri (Kansas, Estados Unidos) e “Resignifications – The black mediterranean”, na galeria Zisa Zona, em Palermo, Itália. Além disso, é possível encontrar o trabalho do artista em coleções permanentes no Museu de Arte Contemporânea da USP, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, assim como na Usina das Artes de Pernambuco, entre outros. Acesse aqui para conferir a trajetória de Flávio.

Com o reconhecimento, Flávio Cerqueira fortalece a vontade de ver seu trabalho cada vez mais acessível, disponível a todos os públicos. O reconhecimento por parte de instituições de tanto renome é uma forma de “amplificar essa voz”.

Eu vivo todo dia um sonho, me considero um privilegiado por poder viver de arte nos dias de hoje no Brasil. Quanto ao objetivo, costumo trabalhar e colocar toda a minha energia naquilo que estou produzindo, para que com cada trabalho eu aprenda e evolua mais como artista e, como pessoa, me tornar um ser humano melhor.”

Quer conhecer mais do trabalho de Flávio? Acesse seu site oficial: http://flaviocerqueira.com/


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